segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

AMOR igual




Sexta-feira passada foi ao ar o último capítulo da novela Amor à Vida, que ao longo da trama construiu como seu casal protagonista, um casal gay.

Talvez pelo brilhantismo dos atores que interpretaram os pombinhos Félix (Matheus Solano) e Niko, carneirinho (Thiago Fragoso) e pela genialidade do autor em não estereotipar a relação gay, nem tratá-la com brutalidade ou afetações demais, ou seja, configurar a esta relação o que há de mais normal em todas elas, o AMOR, o que aconteceu ontem foi um lindo beijo gay em pleno horário nobre.

Um beijo gay que não veio pra provar que “os gays também podem”, nem pra chocar, nem pra agredir, simplesmente para coroar o mais sublime gesto de amor entre duas pessoas que, como qualquer outra, sofreram, erraram, foram injustiçadas por terceiros e deram a volta por cima e foram felizes... Pelo menos até agora, pois o “pra sempre” é tema pra outro post.

O que mais me chocou na tal cena do beijo foi a furor que causou nas mais ou menos dez pessoas que estavam assistindo à novela comigo. Era tanto julgamento e insultos do tipo “viadagem”, “essa globo é sem vergonha!!!” e outros piores, que me entristeceu.

Será possível que as pessoas ainda não se deram conta de que uma relação homoafetiva é exatamente igual a uma relação heteroafetiva? Existem brigas, desavenças, traições, crianças, babás, família chata, sogro e sogra, tios legais e tudo o mais que configura uma “família normal”?

Aliás, usar a palavra “normal” da forma que vem sendo aplicada para o conceito de família é, per si, um preconceito, pois é afirmar que o que não é papai, mamãe e filhinhos, é anormal.

Faço parte, então, de uma família “anormal”, pois nem me casei, me juntei com o meu marido que tem 20 anos a mais do que eu e dois filhos com outra mulher. Anormal? Então aquelas duas mulheres que resolveram dividir as dificuldades da vida juntas e adotar duas crianças carentes cujos destinos poderiam ser o das drogas, o das ruas?  Anormal? E aquele pai que se dedicou anos a sua família “normal” e depois se descobriu gay, formou outra família, mas continua a dar todo o carinho e assistência para os seus?  Anormal?

Anormal é o preconceito que cega e não nos permite ver que no que se convencionou diferente existe algo muito igual ao que sempre foi. Que pretos, brancos, índios e pardos, gays, deficientes físicos, todos somos capazes de exprimir os sentimentos mais sublimes  e os mais aterrorizantes também. Somos capazes de ser generosos e muito cruéis quando queremos, gostamos e odiamos pessoas e coisas... Somos absolutamente iguais.

O que diferencia as relações, portanto, não é a opção sexual de cada um dos pares, mas o tão simples e difícil de ser encontrado, o AMOR.

Onde existe AMOR não pode existir preconceito, nem dor, nem xingamentos, nem esconderijo, nem rejeição... O amor é verbo com várias conjugações. É solução. É artigo de luxo. É loteria.

2 comentários:

  1. Lindo, Lú..!! Fantástica a sua posição..!!
    Beijos, Chiquita Beta.

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  2. Chiquita Beta!
    Só hoje vi seu comentário. Obrigada, foi de coração.
    Bjs

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