Sexta-feira passada foi ao ar o último capítulo da novela Amor à Vida, que ao
longo da trama construiu como seu casal protagonista, um casal gay.
Talvez pelo brilhantismo dos atores que interpretaram os
pombinhos Félix (Matheus Solano) e Niko, carneirinho (Thiago Fragoso) e pela
genialidade do autor em não estereotipar a relação gay, nem tratá-la com
brutalidade ou afetações demais, ou seja, configurar a esta relação o que há de
mais normal em todas elas, o AMOR, o que aconteceu ontem foi um lindo beijo gay
em pleno horário nobre.
Um beijo gay que não veio pra provar que “os gays também
podem”, nem pra chocar, nem pra agredir, simplesmente para coroar o mais
sublime gesto de amor entre duas pessoas que, como qualquer outra, sofreram,
erraram, foram injustiçadas por terceiros e deram a volta por cima e foram
felizes... Pelo menos até agora, pois o “pra sempre” é tema pra outro post.
O que mais me chocou na tal cena do beijo foi a furor que
causou nas mais ou menos dez pessoas que estavam assistindo à novela comigo.
Era tanto julgamento e insultos do tipo “viadagem”, “essa globo é sem
vergonha!!!” e outros piores, que me entristeceu.
Será possível que as pessoas ainda não se deram conta de que
uma relação homoafetiva é exatamente igual a uma relação heteroafetiva? Existem
brigas, desavenças, traições, crianças, babás, família chata, sogro e sogra,
tios legais e tudo o mais que configura uma “família normal”?
Aliás, usar a palavra “normal” da forma que vem sendo
aplicada para o conceito de família é, per
si, um preconceito, pois é afirmar que o que não é papai, mamãe e filhinhos,
é anormal.
Faço parte, então, de uma família “anormal”, pois nem me
casei, me juntei com o meu marido que tem 20 anos a mais do que eu e dois
filhos com outra mulher. Anormal? Então aquelas duas mulheres que resolveram
dividir as dificuldades da vida juntas e adotar duas crianças carentes cujos
destinos poderiam ser o das drogas, o das ruas? Anormal? E aquele pai que se dedicou anos a
sua família “normal” e depois se descobriu gay, formou outra família, mas
continua a dar todo o carinho e assistência para os seus? Anormal?
Anormal é o preconceito que cega e não nos permite ver que
no que se convencionou diferente existe algo muito igual ao que sempre foi. Que
pretos, brancos, índios e pardos, gays, deficientes físicos, todos somos
capazes de exprimir os sentimentos mais sublimes e os mais aterrorizantes também. Somos capazes
de ser generosos e muito cruéis quando queremos, gostamos e odiamos pessoas e
coisas... Somos absolutamente iguais.
O que diferencia as relações, portanto, não é a opção
sexual de cada um dos pares, mas o tão simples e difícil de ser encontrado, o AMOR.
Onde existe AMOR não pode existir preconceito, nem dor, nem
xingamentos, nem esconderijo, nem rejeição... O amor é verbo com várias
conjugações. É solução. É artigo de luxo. É loteria.
Lindo, Lú..!! Fantástica a sua posição..!!
ResponderExcluirBeijos, Chiquita Beta.
Chiquita Beta!
ResponderExcluirSó hoje vi seu comentário. Obrigada, foi de coração.
Bjs