Desde pequenos aprendemos que na vida tem o que é certo e
o que é errado, o que é preto e o que é branco.
Aprendemos que estudar é certo, faltar aula é errado, dizer
a verdade é certo, mentir é errado. Ser educado é certo, mas gritar, fazer
bagunça e birra é errado...
Aí a gente vai crescendo e entra no mundo o dos jovens e:
beber é errado, manter-se sóbrio e dar bons exemplos pros irmãos mais novos é
certo. Ficar com mais de um garoto no final de semana é terrível, fazer-se de
difícil te faz a mulher mais virtuosa do mundo. Inventar pro pai que vai dormir
na casa da amiga e sair pra uma festa imperdível é errado, ficar em casa lendo
um bom livro aos 17 anos é que é certo...
Viramos adultos e o tribunal do certo e errado, atormentado
pela culpa que a cultura, a sociedade e nós mesmos nos impomos torna-se ainda mais rígido. Não nos
permitimos errar no trabalho, na família, na vida. Passou num concurso público?
Vai ter de ficar naquele inferno pro resto da vida, pois você seria um homem ou
mulher morto por sua família de trocar “o certo”, que você odeia, por uma
carreira de escritor que está te chamando há anos.
Tornamo-nos ainda mais severos, mais cheios de regras e
passamos a reprimir sentimentos, vontades, desejos, espontaneidade e tudo o
mais que muitas vezes é considerado um lado negro seu.
Porém a verdade é que somos os dois lados da moeda. Somos o
lado negro e o lado branco de uma mesma pessoa. Somos santas e putas, honestas
e corruptas, educadas e estúpidas, meigas e cruéis. Nós somos profissionais e
vagabundas, gostamos de praia e de serra, de balada e de aconchego, sentimos
amor e ódio... Tudo isso nos representa em momentos diferentes da nossa vida.
O que é completamente errado é quando nos fazemos mal ou o
causamos para alguém.
Dado isto, às vezes a mentira é necessária, ser um mal
educado e gritar com uma pessoa pode ser a solução para acabar com a
hipocrisia. Ser um bagunceiro na infância pode dar vida a um exímio artista
super criativo na vida adulta. Ficar com mais de um garoto no final de semana,
tomando os devidos cuidados, pode ser apenas uma tentativa de encontrar o amor
certo, ou de viver a vida mesmo, beijar na boca, porque é bom demais.
A vida seria mais leve se pudéssemos ser menos julgadores e
mais “vivedores” de nós mesmos e do próximo. Conjugar nossas emoções sem carregar tanto
sentimento pesado nas costas. Permitir dar uns tropeços pra acertar depois e
entender que a vida não se encerra em um trabalho, um filho, um projeto, uma
doença, um casamento... A vida é um ciclo, a gente muda, o entorno muda e pode
ser que o que era certo ano passado, deixou de ser neste e que agora é se
adaptar.
Como bem disse Nietche, o contrário da inteligência não é a
burrice, mas as convicções. Reveja as suas com frequência e liberte-se. Viva!
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