"Bem aventurados os
corações flexíveis, pois eles nunca se partirão."
Linda a frase! Acabei de
ouví-la da Cléo Pires em entrevista com a Marília Gabriela, mas ela é mesmo do
Argeliano Alber Camus.
Pronto, referências feitas e
créditos dados, vamos ao que me chamou atenção: Como, em um mundo com relações
tão possessivas, com um modelo de felicidade católico/monogâmico, com o
sonho sonhado para nós desde criança de casar e ter filhos podemos ter um
coração flexível a ponto de não se partir ou se machucar?
Isso sem falar das outras
relações de amizade, trabalho, paternal, filiar, etc. Como não permitir que um
coração se parta?
Serão pessoas insensíveis as
que conseguem tal proeza? As que não amam ninguém, não constroem laços e por
isso não há nada pra ser quebrado, desfeito?
Ou serão pessoas tão boas e tão
generosas que sempre vão encontrar uma forma de entender o próximo e perdoá-lo
pelo possível sofrimento causado?
Eu, ainda digerindo e
refletindo sobre o que esta frase quer me dizer, penso que não é nem uma e nem
outra das opções acima, talvez um pouco de cada...
Acho que as pessoas de coração
flexível têm de ter um amor incondicional, daqueles eternos e inabaláveis por
si mesmas.
Isso não quer dizer que tal
pessoa deva ser egoísta ou insensível, não mesmo. Mas ela tem de se amar o
suficiente para acreditar que o ocorrido não é o fim do mundo, não vai gerar um
caos e, principalmente, quem foi capaz de ocasionar tamanho (potencial)
sofrimento, não pode ser merecedor de algum tipo de sentimento, seja ele de
amor ou ódio.
Acho que o coração flexível é
generoso sim, pois ele compreende e não julga, deve apenas afastar-se do que
poderia lhe causar o mal.
Acho que esta grandeza de
espírito é para muito poucos. Não fomos educados pra isso, abrir mão do que
queremos, do que sentimos, do que achamos que deve ser nosso, ainda que isto
seja o outro, que é tão móvel quanto nós e que hoje está aqui, mas amanhã pode
estar sei lá aonde.
Gostaria de ter um coração mais
flexível, certamente sofreria menos. Mas por enquanto, vou tentando ter um
pensamento flexível, livre de julgamentos, sem mania de perseguição, com menos
sentimento de culpa, olhando o lado mais verde e bom da vida.
Quem sabe um dia este
pensamento flexível, que é razão, possa orientar minha emoção e assim meu
coração, em vez de apenas bater TUM TUM, seja mais flexível e emita sons de
samba, frevo, rock, pagode, brega... Vai ser uma festa!
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