quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Corações flexíveis



"Bem aventurados os corações flexíveis, pois eles nunca se partirão."
Linda a frase! Acabei de ouví-la da Cléo Pires em entrevista com a Marília Gabriela, mas ela é mesmo do Argeliano Alber Camus.
Pronto, referências feitas e créditos dados, vamos ao que me chamou atenção: Como, em um mundo com relações tão possessivas, com um modelo de felicidade católico/monogâmico, com o sonho sonhado para nós desde criança de casar e ter filhos podemos ter um coração flexível a ponto de não se partir ou se machucar?
Isso sem falar das outras relações de amizade, trabalho, paternal, filiar, etc. Como não permitir que um coração se parta?
Serão pessoas insensíveis as que conseguem tal proeza? As que não amam ninguém, não constroem laços e por isso não há nada pra ser quebrado, desfeito?
Ou serão pessoas tão boas e tão generosas que sempre vão encontrar uma forma de entender o próximo e perdoá-lo pelo possível sofrimento causado?
Eu, ainda digerindo e refletindo sobre o que esta frase quer me dizer, penso que não é nem uma e nem outra das opções acima, talvez um pouco de cada...
Acho que as pessoas de coração flexível têm de ter um amor incondicional, daqueles eternos e inabaláveis por si mesmas.
Isso não quer dizer que tal pessoa deva ser egoísta ou insensível, não mesmo. Mas ela tem de se amar o suficiente para acreditar que o ocorrido não é o fim do mundo, não vai gerar um caos e, principalmente, quem foi capaz de ocasionar tamanho (potencial) sofrimento, não pode ser merecedor de algum tipo de sentimento, seja ele de amor ou ódio.
Acho que o coração flexível é generoso sim, pois ele compreende e não julga, deve apenas afastar-se do que poderia lhe causar o mal.
Acho que esta grandeza de espírito é para muito poucos. Não fomos educados pra isso, abrir mão do que queremos, do que sentimos, do que achamos que deve ser nosso, ainda que isto seja o outro, que é tão móvel quanto nós e que hoje está aqui, mas amanhã pode estar sei lá aonde.
Gostaria de ter um coração mais flexível, certamente sofreria menos. Mas por enquanto, vou tentando ter um pensamento flexível, livre de julgamentos, sem mania de perseguição, com menos sentimento de culpa, olhando o lado mais verde e bom da vida.

Quem sabe um dia este pensamento flexível, que é razão, possa orientar minha emoção e assim meu coração, em vez de apenas bater TUM TUM, seja mais flexível e emita sons de samba, frevo, rock, pagode, brega... Vai ser uma festa!

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