domingo, 29 de junho de 2014

Ser mãe


Ainda não sou, nem estou grávida, mas ontem acho que senti o primeiro gostinho de como é difícil ser mãe, educar, dar limites e blá, blá, blá.

Vivo me manifestando. Falo que as crianças de hoje são muito mimadas, não respeitam hierarquias, são mal educadas, grosseiras com pais, mães e avós. Falo que comigo será diferente, que minha filha não fará isso, muito menos aquilo, que vai aprender a comer verdura, gostar de ler... Hahaha, doce ilusão a minha.

Fui desafiada a "domar" uma fera de 17 anos de idade. Fera? Isso mesmo, explico: ela é um tesouro pra mim, amo-a de paixão, mas pense numa personalidade forte, corajosa e desafiadora, mas que por dentro é um poço de sentimento, coração mole e espírito de menina que quer colo.

Corujices à parte, tive eu que tentar convencê-la, em vão, a encerrar um dia inteiro de badalo e ir pra casa dormir. Qual o que? Até o telefone na minha cara ela desligou.

A partir disso passei a admirar cada uma das mães da minha geração que conheço e as que eu nunca vi. Gente, como é difícil dar limite! Tudo é contestado pelas crianças que juram de pé junto que já são "grandinhas" e que, mesmo bêbadas, tem responsabilidades.

Aí você tentar argumentar, tempo perdido, e a criatura não te escuta, sua vontade é de puxar pra dentro de casa, mas ela já é quase maior do que você e não é sua filha. Aí você apela pros pais e a tal "adulta precoce" fica com ódio por você ter feito isso e você, certa de que estava com a razão (isso é ótimo), fica com um sentimento de aflição caso aconteça algo que você não impediu.

Os conflitos são: será que é exagero? Será que vou levar um patada (isso dói em qualquer idade, de qualquer pessoa)? Daí você tenta se lembrar de quando tinha a mesma idade pra ver se te ajuda na decisão do que fazer e se lembra de que já esteve na mesma situação incontáveis vezes. Ainda bem que sobrevivi!

Estendi este pensamento para várias fazes da vida dos meus futuros filhos me apavorei de verdade. A gente quer que eles sejam corajosos, desbravadores, mas desbravar pode também colocá-los em riso, aí você
segura com unhas e dentes debaixo das asas, podendo criar uma criança medrosa e insegura.

Haja coração e razão pra essa tarefa que, de longe, é a mais difícil da vida, a de gerir, ou pelo menos tentar, outra vida.

A noite vai passando e você que ia dormir às onze, consegue chegar na sua cama novamente a uma da madrugada, chateada porque chateou, se perguntando o que devia realmente ter feito, mas, Graças a Deus e à "maturidade", certo de que fez o seu melhor.

Acho que isso é ser mãe, apesar de este ISSO englobar tanto desconhecimento. Acredito que seja um processo de tentativa e erro, no qual você torce pra que os acertos sejam muito maiores e pra que os erros não causem traumas, nem nos filhos, nem nos pais.

Sorte aí, mães!

domingo, 22 de junho de 2014

A vida que eu quero ter



Quer ficar perdidinha sobre a vida que você quer ter? Leia, informe-se.

Certo dia, eu meio confusa com o rumo que minha vida estava levando, a cabeça cheia de questionamentos, conversando com uma amiga, ela me disse enfaticamente: Pare de ler! Ler muito é pior, porque você fica olhando pra vida dos outros e não para a sua. Foi algo assim que ela quis dizer.

Isso pra mim fez todo sentido. Não estou aqui, pelo amor de Deus, advogando contra a literatura, revistas de fofocas, revistas de moda e tudo o mais que, graças a Deus, está aí disponível pra gente ser uma pessoa mais interessante. Sou totalmente partidária da frase da propaganda da Globo News que diz: “Quanto mais interessado você é, mais interessante você fica”.

A questão é que a leitura te leva para um mundo de fantasia. Ainda que a tal fantasia seja a vida do outro.

Resumidamente, a vida das pessoas é muito divertida, brilhante, triunfante. As biografias sempre apontam sucessos (entremeados de fracassos, se não, não teria graça. Mas a vitória triunfa, claro. Afinal, todos temos um espírito meio hollywoodiano de querer um final feliz, né?).

Podem ser viagens inesquecíveis, finais de relacionamentos que levaram o protagonista a outro ainda melhor, a gordinha que hoje tem um corpaço e que esbanja saúde, o que resolveu largar o emprego por um ano sabático e hoje trabalha exatamente com o que ama, o coitado (coitado mesmo, sem nenhuma carga pejorativa) que adoeceu gravemente, consegui vencer o mal e hoje mudou completamente a sua forma de encarar a vida; sendo alguém sem estresse, que não se permite mais sofrer e etc.

Eu, particularmente, amo essa literatura, adoro estórias reais, de pessoas comuns que despontam e tem uma vida interessante o suficiente para serem eternizadas em livros.  Mas, se a gente não tiver cuidado, o que poderia servir de exemplo para nossa vida também seguir melhorando, pode transformar-se numa grande ansiedade, gerado pela vontade de ter um pedaço de cada vida, um mosaico de vidas.



Explico: lendo tanta gente dar certo começamos a pensar que o problema está conosco, que não batalhamos com afinco para nossa felicidade, que não nos esforçamos o suficiente para ter o corpo dos sonhos, que não somos capazes de sermos tão brilhantes...

Algumas vezes começamos a tentar seguir alguns exemplos, o tal “correr atrás do prejuízo”, mas podemos estar ficando cegos para o que realmente nos move e o que até agora já construímos.

A realidade é que TODOS temos uma vida interessante com momentos mais morosos, mas que não tiram o brilho da aventura que é viver. Achar que Fulana está perdendo tempo sofrendo por Beltrano, ou que Sicrano está emperrado num trabalho sem expectativa e é um covarde por não tentar virar esse jogo, pode ser um grande erro. Talvez um olhar fotográfico da vida e não uma visão em filme, na qual tudo o que acontece na cena anterior terá uma consequência na próxima.

É verdade, tem gente mais desbravadora, corajosa, radiante, com maior força de vontade do que as outras. Eu admiro estas pessoas e sempre seguirei lendo seus relatos, pois eles me empurram de certa forma.

Mas a leitura deve ser devorada sem reservas, mas internalizada com moderação, para que você não tente trocar de personalidade a cada livro novo.
Boa leitura!


sábado, 14 de junho de 2014

Copa do mundo é Carnaval!





Moro em Fortaleza numa região onde há grande concentração de turistas, bem próximo onde acontece a tal FIFA Fan Fest.

Até então, tudo tranquilo. Houve a festa de abertura lá na tal arena de festa da Fifa, mas tudo parecia igual às festas que sempre ocorrem por lá o ano todo.

Aí os uruguaios começaram a chegar em minha terra. Tenho certeza de que eles acham que é carnaval no Brasil.

Desde ontem que só se escutam barulhos de vuvuzelas (é o novo!) buzinas de carro, pessoas em carreata cantando o hino de sua pátria. São famílias, grupo de amigos, galera jovem, mais velha... Tem turma de todo tipo, mas no quesito animação eles são idênticos.

Nem dá pra achar ruim tanta barulheira, pois não é barulho de gente reclamando, gente quebrando, evocando a tristeza e tudo o que está ruim por aí, e está mesmo. Mas não dá pra viver somente de batalhas, né? Ainda que precisamos de grandes mudanças, chega uma hora que lutar cansa e abrir uma brecha pra um momento de euforia, leia-se: COPA DO MUNDO, faz um bem enorme pra saúde.

Isso não é um ode à alienação, mas esses uruguaios estão nos fazendo olhar pro que temos de bom aqui: uma cidade ensolarada, quente, acolhedora, animada, feliz como sempre fomos.

Vengan, hermanos, sejam bem-vindos  e fiquem à vontade. A casa é de vocês (nem precisava falar, né? Rsrs).

O prazer é todo nosso em poder ser palco pra tanta feliz, que olha pra nossa cidade como quem está no melhor dos mundos, pois a alegria impera. Obrigada por nos devolver o brilho que vinha apagado há tempos, do qual estávamos até nos esquecendo que um dia tivemos

Entrem e façam a festa até onde vocês puderem, isto é, até o Brasil encarar o Uruguai nessa copa. Aí, cariños, a casa será todinha nossa, vale?!

domingo, 1 de junho de 2014

Cultura da reclamação


Atualmente em nosso país o que mais se vê são manifestações. De toda sorte, em todo canto, de vários tamanhos contra um monte de coisa. É copa, é corrupção, é roubalheira, são os 20 centavos no aumento do ônibus, são os melhores salários e a lista é sem fim.

De fato, o que não nos falta no Brasil são motivos para reclamar e protestar. Não temos saúde de qualidade, nem segurança nas ruas (nem em casa), não temos escolas que ensinem algo que preste, não temos saneamento básico e a lista é sem fim.

Artigos e mais artigos e opiniões já foram dadas sobre o tema e eu apoio muitas delas. Num país democrático, a nossa arma é mesmo a voz e sabemos que a "união faz a força".
Contudo, em meio a esta onda de protestos, percebo outra onda surgindo e esta para mim é muito perigosa: é a cultura da reclamação.

Hoje em dia é muito mais fácil ser do contra do que a favor, então, as coisas que dão certo, ainda que não sejam tantas, entram no bolo da reclamação.
Sei que muita gente vai discordar, mas no país do manifesto e da democracia, eu me sinto no direito de soltar meu verbo também.

Em minha cidade iniciou-se uma manifestação para a construção de ciclovias. Acho que nunca havia ouvido falar disso por aqui. A população até fez uma faixa bem mal feita nas ruas como protesto e a prefeitura resolveu fazer a ciclo-faixa conforme manda a lei. Adivinhem? O povo tá reclamando.

Reclamam porque dizem que quem fez a manifestação são pessoas que nem precisam de bicicleta, reclamam porque atrapalha o movimento dos carros, reclamam porque é muito pouco; e do alto de seus carrões vão dando seus palpites do contra.

Dia desses a manifestação era sei lá aonde para o voto não obrigatório. Quer se eximir de votar? Então não reclama do sistema.

Sempre tive medo dos sub-movimentos que se formam, ainda que baseados em fatos reais, com as pessoas muito dramáticas, que é a maioria. Acho que isso nos coloca em uma situação ainda pior, pois nos deixa cegos para os caminhos do bem que possam se abrir. Sei que parece uma visão muito romantizada, mas não é. Quado se dá muita ênfase para algo ruim, a tendência é a de que só olhemos para isso e esqueçamos de ver como nós podemos ajudar a melhorar o que está aí.

Como?

Respeitando garçons, porteiros, babás, pedreiros, negros, homossexuais, etc, etc, etc. Tendo compaixão com o próximo (ontem vi uma cena na qual um pai brincava com o filho de 4 anos no prédio e fingia, ou não via, um coleguinha do filho da mesma idade, com as mãos na grade, louco pra brincar e ele foi solenemente ignorado).

Como? 

Ensinando desde cedo que agregar vale mais do que excluir, que as pessoas são todas iguais e tem o mesmo valor, que elevador de serviço não é para empregados, mas para os que estão em serviço que os tais empregados são gente como qualquer outra.

Quero fazer uma manifestação contra o ser humano. O que forma fila dupla, o que para em vaga de deficiente sem ser, o que joga papel pela janela do carro, o que fura fila, o que não admite os erros, o que tem inveja, o que difama, e tantos outros que são os corruptos "sutis", ou os bandidos que aprendemos e toleramos conviver.

Não se enganem, os tais políticos ladrões nada mais são do que pessoas como nós com o poder na mão.

Portanto, antes de sair por aí reclamando do que está acontecendo (e tem de reclamar mesmo, vamos nos manifestar dentro de casa, dentro do carro, em nossos bairros. 

Melhorando a parte, a gente consegue melhorar o todo.