Quer ficar perdidinha sobre a vida que você quer ter? Leia,
informe-se.
Certo dia, eu meio confusa com o rumo que minha vida estava
levando, a cabeça cheia de questionamentos, conversando com uma amiga, ela me
disse enfaticamente: Pare de ler! Ler muito é pior, porque você fica olhando
pra vida dos outros e não para a sua. Foi algo assim que ela quis dizer.
Isso pra mim fez todo sentido. Não estou aqui, pelo amor de
Deus, advogando contra a literatura, revistas de fofocas, revistas de moda e
tudo o mais que, graças a Deus, está aí disponível pra gente ser uma pessoa
mais interessante. Sou totalmente partidária da frase da propaganda da Globo News
que diz: “Quanto mais interessado você é, mais interessante você fica”.
A questão é que a leitura te leva para um mundo de fantasia.
Ainda que a tal fantasia seja a vida do outro.
Resumidamente, a vida das pessoas é muito divertida,
brilhante, triunfante. As biografias sempre apontam sucessos (entremeados de
fracassos, se não, não teria graça. Mas a vitória triunfa, claro. Afinal, todos
temos um espírito meio hollywoodiano de querer um final feliz, né?).
Podem ser viagens inesquecíveis, finais de relacionamentos
que levaram o protagonista a outro ainda melhor, a gordinha que hoje tem um
corpaço e que esbanja saúde, o que resolveu largar o emprego por um ano
sabático e hoje trabalha exatamente com o que ama, o coitado (coitado mesmo,
sem nenhuma carga pejorativa) que adoeceu gravemente, consegui vencer o mal e
hoje mudou completamente a sua forma de encarar a vida; sendo alguém sem
estresse, que não se permite mais sofrer e etc.
Eu, particularmente, amo essa literatura, adoro estórias
reais, de pessoas comuns que despontam e tem uma vida interessante o suficiente
para serem eternizadas em livros. Mas,
se a gente não tiver cuidado, o que poderia servir de exemplo para nossa vida
também seguir melhorando, pode transformar-se numa grande ansiedade, gerado
pela vontade de ter um pedaço de cada vida, um mosaico de vidas.
Explico: lendo tanta gente dar certo começamos a pensar que
o problema está conosco, que não batalhamos com afinco para nossa felicidade,
que não nos esforçamos o suficiente para ter o corpo dos sonhos, que não somos
capazes de sermos tão brilhantes...
Algumas vezes começamos a tentar seguir alguns exemplos, o
tal “correr atrás do prejuízo”, mas podemos estar ficando cegos para o que
realmente nos move e o que até agora já construímos.
A realidade é que TODOS temos uma vida interessante com
momentos mais morosos, mas que não tiram o brilho da aventura que é viver.
Achar que Fulana está perdendo tempo sofrendo por Beltrano, ou que Sicrano está
emperrado num trabalho sem expectativa e é um covarde por não tentar virar esse
jogo, pode ser um grande erro. Talvez um olhar fotográfico da vida e não uma
visão em filme, na qual tudo o que acontece na cena anterior terá uma consequência
na próxima.
É verdade, tem gente mais desbravadora, corajosa, radiante,
com maior força de vontade do que as outras. Eu admiro estas pessoas e sempre
seguirei lendo seus relatos, pois eles me empurram de certa forma.
Mas a leitura deve ser devorada sem reservas, mas
internalizada com moderação, para que você não tente trocar de personalidade a
cada livro novo.
Boa leitura!
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