domingo, 22 de junho de 2014

A vida que eu quero ter



Quer ficar perdidinha sobre a vida que você quer ter? Leia, informe-se.

Certo dia, eu meio confusa com o rumo que minha vida estava levando, a cabeça cheia de questionamentos, conversando com uma amiga, ela me disse enfaticamente: Pare de ler! Ler muito é pior, porque você fica olhando pra vida dos outros e não para a sua. Foi algo assim que ela quis dizer.

Isso pra mim fez todo sentido. Não estou aqui, pelo amor de Deus, advogando contra a literatura, revistas de fofocas, revistas de moda e tudo o mais que, graças a Deus, está aí disponível pra gente ser uma pessoa mais interessante. Sou totalmente partidária da frase da propaganda da Globo News que diz: “Quanto mais interessado você é, mais interessante você fica”.

A questão é que a leitura te leva para um mundo de fantasia. Ainda que a tal fantasia seja a vida do outro.

Resumidamente, a vida das pessoas é muito divertida, brilhante, triunfante. As biografias sempre apontam sucessos (entremeados de fracassos, se não, não teria graça. Mas a vitória triunfa, claro. Afinal, todos temos um espírito meio hollywoodiano de querer um final feliz, né?).

Podem ser viagens inesquecíveis, finais de relacionamentos que levaram o protagonista a outro ainda melhor, a gordinha que hoje tem um corpaço e que esbanja saúde, o que resolveu largar o emprego por um ano sabático e hoje trabalha exatamente com o que ama, o coitado (coitado mesmo, sem nenhuma carga pejorativa) que adoeceu gravemente, consegui vencer o mal e hoje mudou completamente a sua forma de encarar a vida; sendo alguém sem estresse, que não se permite mais sofrer e etc.

Eu, particularmente, amo essa literatura, adoro estórias reais, de pessoas comuns que despontam e tem uma vida interessante o suficiente para serem eternizadas em livros.  Mas, se a gente não tiver cuidado, o que poderia servir de exemplo para nossa vida também seguir melhorando, pode transformar-se numa grande ansiedade, gerado pela vontade de ter um pedaço de cada vida, um mosaico de vidas.



Explico: lendo tanta gente dar certo começamos a pensar que o problema está conosco, que não batalhamos com afinco para nossa felicidade, que não nos esforçamos o suficiente para ter o corpo dos sonhos, que não somos capazes de sermos tão brilhantes...

Algumas vezes começamos a tentar seguir alguns exemplos, o tal “correr atrás do prejuízo”, mas podemos estar ficando cegos para o que realmente nos move e o que até agora já construímos.

A realidade é que TODOS temos uma vida interessante com momentos mais morosos, mas que não tiram o brilho da aventura que é viver. Achar que Fulana está perdendo tempo sofrendo por Beltrano, ou que Sicrano está emperrado num trabalho sem expectativa e é um covarde por não tentar virar esse jogo, pode ser um grande erro. Talvez um olhar fotográfico da vida e não uma visão em filme, na qual tudo o que acontece na cena anterior terá uma consequência na próxima.

É verdade, tem gente mais desbravadora, corajosa, radiante, com maior força de vontade do que as outras. Eu admiro estas pessoas e sempre seguirei lendo seus relatos, pois eles me empurram de certa forma.

Mas a leitura deve ser devorada sem reservas, mas internalizada com moderação, para que você não tente trocar de personalidade a cada livro novo.
Boa leitura!


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