sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

No divã com Martha Medeiros

Passei a vida toda, até agora, pois ainda tenho uma vida inteira pra ser diferente, me questionando, cheia de angústias, sentido-me inadequada, feia, errada...

Tinha medo de dormir longe da mamãe. Era, e sou ainda, insegura e blá, blá, blá. Fui um criança gordinha e isso me traumatizou, ok. Passei por experiências difíceis e isso me traumatizou, ok 2. 

Fiz terapia desde pequena e isso me ajudou muito, mas hoje estou chegando a conclusão de que tentar se analisar demais lhe faz pensar que os defeitos são só seus e que você precisa de uma "cura". Mas cura pra que? Pra si mesmo? Só se nascer de novo.

Não estou aqui invalidando a profissão de psicólogos e psiquiatras, muito pelo contrário. Ela realmente alivia muito a dor da alma, mas acho que é preciso ter cuidado pra não termos medo de simplesmente sermos e correr pra dentro de um consultório com angústias pequenas.


Minha "cura" tem se dado através dos livros da Martha Medeiros. 



Ela fala com tanta clareza, simplicidade e verdade sobre questões tratadas com tamanha complexidade que comecei a perceber que as tormentas da alma são universais, não estando euzinha errada ou inadequada por isso.


Uma delicia vê-la casada e mãe de duas filhas questionando sobre a felicidade formato "receita de bolo" que deve ser igual pra todo mundo, mas que muita gente não se adéqua a tal receita. 


Falando sobre os desafios da maternidade e os da não maternidade. Falando sobre amores, amantes, amizades, velhice, morte nossa e dos nossos. Assuntos que nos causam tanta dor, medo, ansiedade, culpa, mas que são inerentes à condição de estarmos vivos.

Li mais de 400 páginas de Martha Medeiros, mas nenhuma me surpreendeu mais quanto a que ela diz não fazer análise. Como pode uma pessoa que trata do eu com tanta propriedade nunca ter tido alguém pra analisar seu id, ego e superego?


Como pode? Claro que pode, ela simplesmente vive e bota pra fora através dos textos maravilhosos o que ela sente. E melhor, compartilha com o outro aliviando o peso do mundo que carregamos nas costas.


Cara Martha, não sei se já estou curada, acho que a busca por respostas só acaba quando finda a vida, isto é, se não tiver nada do lado de lá.  Mas deixo aqui o meu Muito Obrigada pelas terapias a precinho de banana que faço todas as noites e que enriquecem demais minha alma, minha vida.




Vida longa à você .


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