Vivo me manifestando. Falo que as crianças de hoje são muito mimadas, não respeitam hierarquias, são mal educadas, grosseiras com pais, mães e avós. Falo que comigo será diferente, que minha filha não fará isso, muito menos aquilo, que vai aprender a comer verdura, gostar de ler... Hahaha, doce ilusão a minha.
Fui desafiada a "domar" uma fera de 17 anos de idade. Fera? Isso mesmo, explico: ela é um tesouro pra mim, amo-a de paixão, mas pense numa personalidade forte, corajosa e desafiadora, mas que por dentro é um poço de sentimento, coração mole e espírito de menina que quer colo.
Corujices à parte, tive eu que tentar convencê-la, em vão, a encerrar um dia inteiro de badalo e ir pra casa dormir. Qual o que? Até o telefone na minha cara ela desligou.
A partir disso passei a admirar cada uma das mães da minha geração que conheço e as que eu nunca vi. Gente, como é difícil dar limite! Tudo é contestado pelas crianças que juram de pé junto que já são "grandinhas" e que, mesmo bêbadas, tem responsabilidades.
Aí você tentar argumentar, tempo perdido, e a criatura não te escuta, sua vontade é de puxar pra dentro de casa, mas ela já é quase maior do que você e não é sua filha. Aí você apela pros pais e a tal "adulta precoce" fica com ódio por você ter feito isso e você, certa de que estava com a razão (isso é ótimo), fica com um sentimento de aflição caso aconteça algo que você não impediu.
Os conflitos são: será que é exagero? Será que vou levar um patada (isso dói em qualquer idade, de qualquer pessoa)? Daí você tenta se lembrar de quando tinha a mesma idade pra ver se te ajuda na decisão do que fazer e se lembra de que já esteve na mesma situação incontáveis vezes. Ainda bem que sobrevivi!
Estendi este pensamento para várias fazes da vida dos meus futuros filhos me apavorei de verdade. A gente quer que eles sejam corajosos, desbravadores, mas desbravar pode também colocá-los em riso, aí você
segura com unhas e dentes debaixo das asas, podendo criar uma criança medrosa e insegura.
Haja coração e razão pra essa tarefa que, de longe, é a mais difícil da vida, a de gerir, ou pelo menos tentar, outra vida.
A noite vai passando e você que ia dormir às onze, consegue chegar na sua cama novamente a uma da madrugada, chateada porque chateou, se perguntando o que devia realmente ter feito, mas, Graças a Deus e à "maturidade", certo de que fez o seu melhor.
Acho que isso é ser mãe, apesar de este ISSO englobar tanto desconhecimento. Acredito que seja um processo de tentativa e erro, no qual você torce pra que os acertos sejam muito maiores e pra que os erros não causem traumas, nem nos filhos, nem nos pais.
Sorte aí, mães!