sábado, 19 de abril de 2014
Cotidiano
Pensando aqui num tema bem interessante para escrever, após alguns dias de ausência, e nada de tão especial, apesar de muitos acontecimentos especiais atualmente, me ocorria.
Percebi, então, que o especial está justamente no andar da carruagem que é a nossa vida. Caminhos ora difíceis, ora dramáticos, ora doídos, ora floridos, ora excitantes, ora mágicos, ora perigosos, ora emocionantes... Ora!
É uma ida deliciosa à Nova Iorque e a descoberta de que tudo aquilo que você exita em conhecer é perda de tempo.
É um exame surpresa meio sério do seu pai que te faz unir-se ainda mais a ele e a sua mãe e o momento do hospital ser o local mais do que aconchegante, onde pai, mãe e irmão conversam sobre saúde, viagens, preocupações, comédias...
É o vô que, ainda que bem velhinho, tinha uma saúde de ferro e começa a dar alguns problemas e bate aquele amor maior, aquele medo, aquela resignação.
É a visita que chega em casa e a hora de sorrir, mostrar que tudo está bem, pois são pessoas muito queridas, mesmo não estando.
É a conversa com a prima na mesa da cozinha como nos velhos tempos, é a ligação pra outra que não te contou que estava com um problema, mas você soube e, como quem não quer nada, abre espaço pra ela desabafar. É a união de umas para garantir a alegria da outra.
É uma saudade imensa do que estar por vir. Contraditório isso, né? Mas acontece no dia a dia.
É o negócio que poderia estar melhor. É a esperança que não se pode perder. É a fraqueza que não se deve demonstrar. É uma praia linda, um sol que acalma, é o mar.
É uma vontade de sair correndo pra devorar a vida antes que ela te cobre a dádiva de estar vivo. O que você está fazendo pra merecer a vida? A vida é pra quem merce, baby, não pra quem se lamenta o tempo todo.
É o Cotidiano. Com letra maiúscula, porque aqui ele é sujeito com nome próprio, ele é quase uma pessoa, sua companhia de todas as horas.
É ele que pode não ter nada de revolucionário no momento e no segundo seguinte lhe fazer flutuar, ou desabar.
Mas é com ele que a gente deve se entender, seja qual for a nossa escolha, certa ou errada, insana ou pacata, é ele quem vai no dia seguinte lhe dar a oportunidade de sempre seguir em frente, no seu tempo, do seu jeito.
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