segunda-feira, 10 de março de 2014

O outro


Por mais que digamos que não nos importamos, não queremos nem saber, estamos nem aí para a opinião do outro, a verdade é que ela vale e muito na nossa vida. 

Se o outro nos aceita, se fala bem ou mal de nós, se ainda nos ama, se gosta do nosso trabalho, se nos acha bonita, se nos acha gostosa, se acha que engordamos, que envelhecemos, se nos acha interessantes, se nos acha inteligentes e mais um monte de outros achados que a gente acha que o outro acha ou pode achar da gente. 

Diante disso, traçamos nossa opinião sobre nós mesmos, sobre o outro (porque a gente também é “o outro” para alguém) e vamos seguindo a vida cheia de neuras, tentando nos adequar ao que a gente gostaria que o tal outro achasse de nós mesmos. 

O problema é que “o outro” é muita gente. É pai, é mãe, é namorado, é amigo, é chefe, é marido, é primo, é a vizinha, a manicure, o treinador, a inimiga, o ex, o atual... 



O achar do outro é pura especulação nossa. É uma mistura do nosso senso crítico com algo que desconhecemos completamente, que é a forma de julgar do outro. O que pensamos sobre o pensamento de alguém é muito mais o que pensamos sobre nós mesmos do que qualquer outra coisa. 




Veja bem, como é possível ser um só se aos olhos de cada um seremos uma pessoa diferente? É claro que não dá para ser bom pra todo mundo e agradar a todos, já sabemos demais disso. 

O que é preciso saber é ser bom pra si mesmo. Conhecer limites, saber onde o calo aperta, saber até onde podemos ir pelo outro de modo que não nos fira, não nos invada e, o mais importante, saber até que ponto, tentando parecer legal aos olhos do outro, não nos perderemos de nós mesmos e um dia não nos reconheceremos mais em nossos gestos, valores, palavras, preferências...

... E burramente, nos esquecemos que o outro se aproximou de nós porque um dia fomos nós mesmos. 



P.S.: Desculpem-me por estas “quase Anáforas” em negrito, mas o tema é complexo mesmo e precisa de repetições.

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