domingo, 24 de novembro de 2013

" Ah! Que saudade que eu tenho... Da minha infância querida..."


Toda vez, nesta época do ano, mais ou menos no final de Novembro, eu me desorganizo.

Começa a me dar uma sensação deliciosa de férias, de festa, de gente chegando para os festejos de final e começo de ano, de praia, de sol, de brincadeira... Fico perdidinha.

Se não tiver todas as reuniões e afazeres que a vida adulta nos cobra anotadinho, bem direitinho na agenda, tenha certeza de que vou faltar reuniões importantes, vou esquecer de fazer o que havia combinado, esquecer de pagar contas (isso eu já faço o ano todo, mas piora) e por aí vai.

Certo dia, fiquei refletindo sobre esse movimento que acontece todo ano, só que eu não tiro mais férias nesta época há, pelo menos, 10 anos, e cheguei a conclusão que o problema é àquela criança que todo mundo fala que nunca morre dentro da gente. Pois é, a minha ressuscita com tudo no final do ano.

Lembro-me muito bem que por essas épocas eu já estava de férias. Sempre passei por média e nunca precisei ficar mais um mês naquele martírio que era a escola. Era fazer a prova final num dia e no mesmo dia já ir dormir mais de meia noite brincando no play do prédio de “salve”, polícia e ladrão, vôlei, jogando conversa fora, etc, etc,etc.

Éramos mais de 20 primos, mas até o final do mês de dezembro éramos apenas a metade, pois a outra sempre ficava “de recuperação”. Não tinha jeito, a turma dos que passava por média insistia para eles estudarem mais provas finais, ajudava, dava força, mas os coitados não conseguiam e perdiam um mês das férias e ainda comprometia a nossa.

Coisa boa era quando a gente recebia a notícia de que a metade sacrificada havia passado de ano... Aí era só alegria.

Era a expectativa pra saber quem seria o nosso amigo secreto do natal, depois pra ensaiar a apresentação de natal, depois viajar pra casa de praia onde passaríamos um mês inteiro acordando, indo à praia, brincando de tudo o que se puder imaginar nas dunas, na casa da tia Zena, nas outras casas, andando de buggy, mobilete... Aff! Que saudade!

Sei que isso tudo são minhas lembranças, fazem parte do meu passado e que lá deveriam estar, mas não tem jeito. A alegria transborda com um misto de saudade e de inquietação por sentir algo que não tenho mais.

Tento então criar um mundo paralelo, no qual eu vou disfarçando com a seriedade de um adulto que tem de tomar decisões que vão salvar o mundo, mas com o coração cheio de alegria indo comprar presentes de natal ou dando uma escapadinha pra um banho de mar no meio da semana.


É o eterno desafio de crescer e tentar deixar no passado o que à ele pertence. Ah! Se eu pudesse!

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