terça-feira, 28 de outubro de 2014

Carta aberta a Diogo Mainardi,


Mainardi, após ver seu discurso falando sobre os nordestinos no Manhattan Connection (domingo, 26/10/14), chamando-nos de bovinos, atrasados na linguagem, na educação, pouco instruídos, etc, achei que deveria lhe fazer lembrar de algumas coisas que nos faltam à memória quando estamos mais preocupados em atirar pedras do que construir uma casa.

Você pode até ter razão em alguns pontos, mas as causas são importantes quando se trata da nossa miséria.
Poderia colocar aqui alguns argumentos que aplacassem este seu ódio, porque ali tem ódio, mas vou me deter a uma breve comparação.

O nordeste está para o Brasil, assim como o seu filho deficiente está para a Itália:

    1)Seu filho nasceu deficiente, mas não porque quis, e sim, por       causa de vários erros médicos.
    1)O nordestino é um povo pobre, não porque quer, mas porque aqui     a terra não é roxa, quase nunca chove, a colonização foi             diferente de outras regiões, etc. Só para ficar no âmbito do que     não é de responsabilidade do governo, não quero alongar o texto.

  2)Seu filho vive às custas do governo da Itália, e não é barato. O    governo lhe paga educação, saúde e mais um monte de benefícios,      pois foi considerado responsável pelo mal causado a ele. E foi      mesmo! Li sua história e é emocionante, além de revoltante.
2)No nordeste, quem está prestando este tipo de assistencialismo para uma população bem maior do que a da sua casa, é o governo do PT. Agora, os filhos de nossos empregados fazem faculdade, viajam de avião, tem mais médicos perto de suas casas, comem além do feijão com arroz, tem TV de plasma, celular, etc. Vivem quase como pessoas normais, pois ainda lhes falta um monte de coisas, assim como para o seu filho.

3) Seu filho, se formos colocar no linguajar utilizado por você para falar dos nordestinos, é um estorvo para a sociedade, alguém que em nada contribui para o país, só serve mesmo pra dar despesa. Tenho absoluta certeza de que ele é bem mais do que isso; uma criança feliz e que enche de orgulho a sua família.
3) Aqui, no pobre Nordeste, também não nos consideramos assim. Geramos conhecimento, emprego, temos as regiões mais turísticas do país, sem falar dos “cabeças-chata” cearenses que não cansam de invadir institutos como  o ITA e o IME e ficar com excelentes empregos lá pelo Sudeste.

4) Por último, seu filho, por conta do governo da Itália que banca tudo para ele, já conquistou muitas coisas, inclusive uma certa independência, dentro de suas limitações, como poder ir sozinho para a escola.
4) Pois é, por aqui, no Nordeste, é esta independência que o povo está buscando. Assim como o seu filho, ainda precisamos da ajuda do governo e, por isso, votamos em massa na Dilma. Ou você seria contra quem lhe deu a mão nos seus momentos mais difíceis com o seu filho? Isso seria até uma ingratidão.

Infelizmente, Diogo, a maioria dos nordestinos não tem condições de largar o país pra ir morar no primeiro mundo, muito menos às custas do governo. Quem dera!

Por enquanto, vamos ficando por aqui, continuando com quem começou a melhorar a nossa vida e esperando muito mais deste governo. Tem muita coisa para ser feita, Diogo, e a gente sabe.

Mas antes de sair por aí esbravejando seu preconceito, olhe pra dentro de casa e perceba que a gente escolhe o que nos faz melhor. No caso do Nordeste, foi a Dilma de novo.


P.S.: Sou cearense, não sou pobre e votei no Aécio.

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