Não adianta! Não adianta a Globo tentar fazer a gente se empolgar com a disputa entre Brasil e Holanda pelo terceiro lugar. Nem Bonner nem a Poeta conseguem se convencer.
Não adianta o Davi Luis chorar rios de lagrimas e murmurar que só queria fazer o país dele feliz. Não vai resolver Júlio César e o diabo a quatro pedir desculpas.
Nada vai aplacar esse desapontamento, essa decepção, raiva, descrença dessa seleção. Nada.
Sabemos que é só uma partida de futebol, mas pra nos brasileiros não era.
Essa copa e essa surpreendente chegada à semi-final estava nos servindo de acalanto, um afago em meio a tanta tormenta.
Mensalão, manifestação, black bokcs, quebradeira, violência, corrupção. Só se ouvia falar mal do nosso pais, da nossa cidade. Estávamos cada vez mais estrangeiros dentro do nosso canto. Estranho né?
Aí a copa chegou, nos pegou desprevenidos, nem tínhamos uma torcida organizada, nem gritos de guerra. Decepcionamos, com razão, a nossa seleção. Aí ela pediu pra gente torcer, pra gente ser um só, pra gente vibrar, lutar e a gente foi junto.
Junto com os jogos vieram os gringos que nos fizeram sentir em casa novamente. Engraçado isso, mas a verdade é que os hermanos de vários países não estavam nem aí pra situação política e econômica do Brasil.
De nós eles só queriam o samba, o sol, nosso jeito caliente, festivo. Eles queriam experimentar esse nosso way of life alegre e de certa forma nos lembraram de como é bom sorrir, como é bom ser brasileiro.
Aí, de repente, não mais que de repente, a gente leva um choque de realidade. Uma humilhação em campo, uma surra daquelas. Pow!
O jornal volta a falar muito mais de política do quede copa e a Poeta volta da granja Comary como quem volta de um sonho pra uma realidade dura.
A gente sabia que logo mais viriam as eleições e que a gente ia começar a falar sério de novo. Mas não era a hora. Faltava mais uma semana, mais um pouquinho de esperança.
Da forma como aconteceu, pareceu coisa de vingança sei lá de quem contra a gente que não fez nada pra merecer.
Ai não dá, é mágoa mesmo. Traição de amor, dor de cotovelo, apunhalada pelas costas.
Não tem perdão.
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