sábado, 17 de maio de 2014

Rotina



Todo mundo precisa de uma rotina, certo? 

Acordar, malhar, tomar café, se arrumar, trabalhar, almoçar, trabalhar de novo, voltar pra casa, ver TV, jantar e dormir, isso de segunda à quinta. Nos finais de semana ela muda um pouco, mas é basicamente o mesmo: quem mora na praia, vai à praia, que não tem vai ao parque, vai à lanchonete, fica com a família, filhos, compra algo e no shopping e por aí vai seguindo a vida, toda organizadinha, sem sobressaltos, mas sem nada de ruim, naquela rotina que lhe faz bem, ou não, mas a qual se está acostumado.

Eu não. Eu só funciono com a rotina bagunçada, apesar de eu precisar desesperadamente da rotina pra me organizar. Sei que é complexo, mas preciso saber que tenho várias opções, que nem tudo vai seguir como era antes, mas, ao mesmo tempo, preciso de alguns horários certinhos pra malhar, comer... Trabalhar eu já prefiro em horários baldeados, rendo muuuuito mais.

Só FREUD explica isso, mas acho que tem a ver com o receio da monotonia, do que não me surpreende, de achar que já sei de tudo o que vai acontecer e é isso o que mais me assusta.

Adoro sobressaltos, vida nova, novas perspectivas e expectativas. Se sou instável? De forma alguma, pessoas assim podem ser super sensatas, pés no chão, objetivas, mas vão sempre buscar mexer alguma coisa pra sair do canto.

Às vezes esse mexer está muito mais no campo das ideias que nem serão concretizadas, mas esta criatura avessa à rotina monótona acredita que irá mudar o mundo, pelo menos o próprio.


Pessoas assim costumam ter a cabeça no mundo da lua e adoram uma criatura com o pé no chão que possa freá-la. Pessoas assim geralmente são ansiosas e beiram as insatisfeitas, mas sabendo dosar, até que podemos tirar grandes proveitos dessa personalidade.


É que, como não gostamos muito da mesmice, temos uma capacidade incrível de adaptação a novos lugares, hotel sem conforto, nova roda de amigos, novos trabalhos, vale tudo pra mudar um pouco. Além do mais, por não gostarmos da mesmice, pessoas assim são mais criativas e reinventam a sua rotina diariamente.

A minha dica para pessoas como eu é: nunca passe num concurso público; esteja sempre com um hobby em mente para ser executado, agora ou depois, não importa, o importante é a iminência de algo novo.

Quando estiver achando que está vivendo mais o mundo imaginário do que o real, busque uma pessoa, não fique muito tempo só, sonhando, vá visitar amigos, sair pro cinema com eles, com seu amor... Enfim, volte pro mundo real, pois ele é o que temos de mais concreto, logo, de melhor.

E, principalmente, VIAJE. Esteja sempre com uma viagem em mente, pra perto ou pra longe, a dois, ou a sós, ou com uma galera, para perto ou para longe, curta ou longa, não importa, viajar é o que mais nos tira do prumo, das certezas e nos enriquece.

A rotina não assusta, o que apavora é a monotonia!


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Pra morte a gente conta com a sorte


Fulano morreu num acidente, coitado. Sicrano morreu num desastre de avião, coitado. Beltrano enfartou, coitado...
Vivemos ouvindo essas notícias em nosso dia-a-dia e torcendo pra que ela não seja com algum parente próximo. Lamentamos, ou não, sofremos, ou não, depende de com que foi.
A verdade é que, pra morte, a gente só conta com a sorte. Viver é um lapso que pode durar mais pra uns e menos pra outros.
E como toda sorte, a gente precisa dar um forcinha pra ela aumentar. Para isto nos cuidamos, nos alimentamos bem, fazemos exercícios, evitamos zonas perigosas para evitar balas, tem gente que prefere ir de ônibus pra não subir no avião, vamos a médicos regularmente e por aí vai. Assim aumentamos a nossa sorte de estarmos vivos.
Mas aí vem o tal dia que ela chega. Vem sem avisar, sem pedir licença, sem perguntar se pode entrar e invadir uma casa, destruir um lar, uma família. Ela vem soberana e prepotente sabendo que é maior, ser superior a qualquer fortaleza que possamos criar contra ela.
Não adianta chorar, espernear, revoltar-se. Não adianta tentar adiar, nem pedir ela dar só mais um pouquinho de tempo pra gente se preparar pra despedida. A morte não tem ouvidos, muito menos coração.
Porém, contra morte o ser humano tem um dom infalível. É maior do que ela e dura muito mais tempo do que uma única vida. São as lembranças. É o legado que deixamos para nossos filhos, tios, primos, amigos e para todos que convieram conosco.
Lutemos, então, não contra a morte, mas a favor das boas lembranças na cabeça e no coração dos que amamos, para que possamos sobreviver além da dela.

Como bem falou Martha Medeiros, a gente só morre quando a última pessoa que se lembra de nós morre.  O bem, então, será a nossa arma mais pura, linda e leve contra o que, até então, achávamos que não poderíamos lutar.